Para que serve o pré-natal psicológico?

Cuidar da saúde mental também é PREVENÇÃO, é AUTOCUIDADO. Não cuidamos da nossa saúde só quando estamos doentes, certo?

A gestação é um dos períodos mais importantes na vida de uma mulher, que vai passar, com a chegada do bebê, por transformações intensas em um curto período de tempo.  Nenhuma mudança é tranquila, mesmo que seja esperada, alegre e positiva. Mudanças, mesmo as maravilhosas, instauram um momento de crise. Crise, na psicologia, significa um momento potencialmente transformador. Isso significa que a mulher pode aproveitar a crise para se fortalecer, mas ela também pode se fragilizar. Muitos dos problemas que já existiam antes: conjugais, familiares, profissionais, podem se potencializar no puerpério. As crises nos fortalecem, nos transformam, mas também podem nos derrubar. Por isso é preciso muito cuidado em todo o período perinatal e puerperal, com a saúde mental da mãe.

O parto, as mudanças no corpo, a amamentação, a alteração de libido, a mudança na relação do casal conjugal que passa a ser um casal parental, a reorganização das relações familiares, a complexidade de conciliação de trabalho, filhos e casa, em um contexto cultural que exige que a mulher seja “multitarefa”. São muitos os fatores que podem gerar desgaste emocional. 

É possível se preparar emocionalmente para o puerpério, com acompanhamento de um profissional qualificado para acolher as mães nesse período tão delicado e importante e esse trabalho começa na gestação! No pós-parto a mulher não vai ter muito tempo pra olhar pra si e para os seus sentimentos, então o quanto antes ela se preparar melhor!

 Essa preparação não é uma psicoterapia, e enquadra-se em um modelo psicoeducativo, informativo e terapêutico mais direcionado e focado na gestação, parto e pós-parto. feito em grupo ou individualmente, com gestantes, e o foco é a mãe, principalmente, mas também envolve o pai e os familiares envolvidos. 

Quando falamos de puerpério estamos pensando no binômio mãe-bebê e o fim do puerpério, que não tem data definida, só acontece quando a mãe pode se reorganizar na sua nova vida, integrando esse novo papel. Até lá muita água vai rolar e é importante que essa mulher se sinta acolhida e mais preparada para enfrentar esse momento de renascimento e, por quê não, sem grande prejuízos emocionais? 

A gestação é o momento de se preparar para o mais importante, a chegada do bebê, para além dos cuidados necessários com a saúde física e do bebê. Muitas mulheres e casais só se dão conta do impacto do puerpério e seus desdobramentos quando já passou e não têm oportunidade de se conscientizar e se preparar para o mais importante, que envolve cuidar de si-mesmos, para estarem em condição de cuidar de um outra vida.

Poder contar com ajuda profissional, a escuta qualificada, informação com base em evidências científicas para se fortalecer e tomar escolhas de parto conscientes, conversar com outras mães que estão vivendo algo parecido é uma oportunidade de se preparar melhor e atravessar todas as dificuldades que virão de maneira mais leve. E, evidentemente, de prevenir transtornos puerperais.

Foto de Julia Veras

Julia Veras